Em nome de Allah, o Clemente, o Misericordioso
Louvado seja Allah, que nos encaminhou até aqui; jamais teríamos podido
encaminhar-nos, se Ele não nos tivesse mostrado o caminho. Prestamos testemunho de
que não há outra divindade além de Allah, Único, sem parceiros. Prestamos testemunho
de que Muhammad é Seu servo e Mensageiro. Que Allah o abençoe e lhe dê paz, bem
como aos seus familiares, seus companheiros e seus seguidores até o Dia do Juízo Final.
O mundo está comemorando a passagem de 60 anos sobre a Declaração Universal
dos Direitos Humanos. Ela abrange os princípios que garantem os direitos humanos,
baseados em três fundamentos: Justiça, liberdade e igualdade. Desejamos apresentar a
opinião do Islam a respeito desses três fundamentos e apresentar que a lei islâmica
antecedeu as leis seculares em 1400 anos na declaração desses importantes princípios.
A justiça é a equidade e o respeito ao direito do próximo. O Alcorão abrange
muitos versículos a respeito da justiça e sua aplicação. Allah, Ta’ála, diz: “Quando
julgardes entre as pessoas, fazei-o com eqüidade.” (4:58). E diz: “Allah ordena a
justiça, a prática do bem, o auxílio aos parentes, e veda a obscenidade, o ilícito e a
injustiça.” (16:90). Quanto à justiça, ela representa um dos nomes e atributos sublimes
de Allah, exaltado seja.
* Allah incentiva o ser humano à prática da justiça. Ele diz: “Sede equânimes,
porque Allah aprecia os equânimes.” (49:9).
O nobre companheiro do Rassulullah (S) Abu Huraira (R) costumava dizer: “Os
atos de um dia do governante justo com seus governados é preferível à adoração do
servo junto à família durante cem anos.”
* A justiça é a base da soberania e protetora das nações e das civilizações de
desaparecimento. Um dos governantes do Califa Omar Ibn Abdel Aziz (Que Allah o
abençoe) escreveu-lhe pedindo muitos recursos para construir uma muralha ao redor da
capital da província. O Califa lhe respondeu, dizendo: “De que servem as muralhas?
Você deve fortalecê-la com a justiça e o afastamento da injustiça.”
Na época do Califa Omar Ibn Al Khattab (R), um copta, habitante do Egito, foi ter
com ele se queixando do filho do governador do Egito, Omar Ibn Al ‘As. Ele disse: “Ó
Emir dos crentes, eu apostei corrida com o filho de Omar ibn Al ‘As, e ganhei a corrida.
Ele me agrediu com o seu açoite e me disse: ‘Sou filho de nobres!’” O Califa enviou
uma carta ao governador, dizendo: “Ao receber a minha carta, deve vir até nós e traz o
filho junto.” Ao chegarem, Omar deu o açoite ao copta para açoitar o filho do
governador, dizendo-lhe: “Bate no filho dos nobres.”
Essas pessoas aprenderam o comando com o Rassulullah (S) que não distinguia
entre o rico e o pobre, entre o governante e o governado. Todos eram iguais perante a
lei.
Eis outros magníficos exemplos a respeito da justiça do Islam: “Uma mulher,
durante a conquista de Makka, cometeu um roubo. O Profeta quis aplicar-lhe a pena,
cortando-lhe a mão. Os seus familiares da mulher procuraram Ussama Ibn Zaid (R) e
lhe pediram para interceder junto ao Rassulullah (S) para não cortar a mão da mulher. O
Rassulullah amava imensamente a Ussama. Quando este pediu pela mulher, o rosto do
Rassulullah (S) mudou de cor e disse a Ussama: “Você quer interceder numa das penas
divinas?” Ele, então se levantou e fez um discurso, dizendo: “Povos anteriores a vocês
se perderam porque quando o nobre roubava, não o castigavam, e quando o pobre
roubava, eles aplicavam a pena nele. Por Allah, se Fátima, filha de Muhammad,
roubasse, eu lhe cortaria a mão.” Tradição narrada por Bukhári.
* A justiça no Islam entra em todos os assuntos da vida: justiça entre os filhos. É
dever do muçulmano a ser equitativo entre os filhos, mesmo no beijo. Ele não deve dar
preferência de um sobre o outro para que não gere ódio entre os filhos. Nu’man Ibn
Bachir relatou: “Meu pai me deu algo. Ummu ‘Amra Filha de Rawaha (mão de
Nu’man) disse: ‘Não aceito até que coloque o Rassulullah (S) à par do assunto.’ Meu
pai foi ter com o Rassulullah (S) e lhe disse: ‘Dei a este meu filho com ‘Amra, filha de
Rawaha, um presente. Ela me ordenou que o colocasse à par do assunto.’ O Rassulullah
(S) perguntou: ‘Deste o mesmo presente a todos os teus filhos?’ Ele respondeu que não.
Disse o Profeta: ‘Teme a Allah e sê justo com os teus filhos!’” Narrado por Bukhári.
A justiça deve ser aplicada com todas as pessoas, sem levar em consideração sua
religião, cor ou raça. Allah ordena-nos que não diminuamos os direitos dos outros. Ele
diz: “E não diminuais os bens das pessoas.” (26:183). E diz: “Que o ressentimento
aos demais não vos impulsione a serdes injustos para com eles. Sede justos, porque
isso está mais próximo da piedade” (5:8), ou seja, que o ressentimento a algumas
pessoas não nos leve a serem injustos em nossos julgamentos e atitudes, mesmo que
essas pessoas sejam nossas inimigas.
A justiça tem de ser aplicada na sentença entre as pessoas, no peso e na medida.
Allah, Ta’ála, diz: “Pesai, pois, escrupulosamente, e não diminuais na balança!”
(55:9).
Finalmente, se o ser humano quiser segurança e felicidade, deve ser justo. Omar
Ibn Al Khattab (R) como discípulo do Rassulullah (S) ficou famoso pela sua justiça.
Um dos imperadores da época enviou um emissário para conversar com o Omar Ibn Al
Khattab. Ele encontrou o califa dormindo debaixo de uma árvore. Admirando a visão de
ver o califa dos muçulmanos dormindo, sem guardas de segurança, disse: “Governas, és
justo, por isso dormes, ó Omar.”
A nossa religião islâmica é magnífica; é a religião da orientação para toda a
humanidade, para extraí-la das trevas e transportá-la para a luz. É nosso dever fazer
chegar o Islam a todas as partes da terra.
Que Allah os abençoe e lhes retribua os esforços. Amém.
14 de Zul Hijja 1429 – ‘2/12/2008
Sheikh Khaled Taky Eldin
khaleddin@hotmail.com
www.takydin.net
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