quarta-feira, 13 de julho de 2016

O Monoteísmo e a Reforma do Conceito de Crença do Islam

BismilLahi Ar-Rahman Ar-Raheem (بسم الله الرحمن الرحيم)

"Em nome de Allah, o Clemente, o Misericordioso"


Em contrapartida às ilusões, superstições e perdições de concepção de crença das nações anteriores e frente à mentalidade do mundo quando o profeta (a paz esteja com ele) foi enviado, ocorrerem as contribuições dos muçulmanos com a crença do monoteísmo, tal crença que é considerada a grande concessão do Islam para a humanidade, igual à qual a humanidade nunca teve nem nunca terá até o dia do Juízo Final.
Na crença do Islam, este mundo não existiu sem um senhor soberano, mas há apenas um Senhor Soberano, é o seu Criador, Governador e Administrador. A criação e o mandamento são d’Ele, e d’Ele é o governo... [D’Ele é a criação e a ordem] (Al-A’araf: 54). Nada acontece neste mundo sem a sua ordem e poder. A verdadeira causa da existência deste mundo é a Sua vontade e Seu poder. Este mundo, em sua totalidade, está sujeito a Ele, em seu universo e sua existência, e é obediente a Ele e está a Seu serviço {a ele se submeteu quem está nos céus e na terra] (Ali Imran: 83). E as criaturas que têm uma vontade e escolha devem se submeter a ele [De Allah é a pura devoção] (Al-Zumar: 3)[1]. Porque Ele é quem criou todo o universo e criou todas as criaturas, Ele é o único a quem as criaturas devem adorar.
O Islam estabeleceu o argumento convincente de que Deus é o Criador e que não há outro deus além d'Ele. Citando a prova, lógica e racional, Allah (Exaltado seja) disse: [Se houvesse nos céus e na terra outras divindades além de Allah elas teriam se corrompido] (Al-Anbiá: 22). E Deus desafiou as pessoas com toda veemência, dizendo: [Dize: Fazei-me ver os que ajuntais a Ele, como parceiros. Em absoluto, não o conseguireis. Aliás, Ele é Allah, o Todo-Poderoso, o Sábio] (Sabá: 27). A verdade é que essa lógica foi tão convincente que as pessoas na terra a receberam com aceitação e convicção, e entraram na religião de Deus em multidões.
Errados estão aqueles que pensam que o Islam e a crença do monoteísmo se espalharam por causa dos muitos árabes muçulmanos espalhados por todo o mundo. Também erram aqueles que acham que os muçulmanos árabes forçaram as pessoas a entrar no Islam e abraçar o monoteísmo com a força da espada e de armas. Podemos verificar a história do mundo... Os árabes muçulmanos eram uma minoria e as suas armas eram fracas em qualidade e quantidade, e suas capacidades econômicas e militares eram extremamente modestas. No entanto, o mundo naquela época aceitou deixar a religião, cada qual de sua região e das nações civilizadas e civilizações poderosas e entrou para a religião desta simples minoria!
A questão que pode vir à mente é: Por que isso aconteceu?! Por que houve esta aceitação?!
A resposta reside no fato de que é uma religião convincente. É uma fé que concorda totalmente com a natureza e a lógica, é a natureza na qual Deus criou a humanidade para adorá-Lo unicamente, sem concorrente ou parceiro.
E podemos perguntar agora:
- Quem induziu inicialmente os árabes a abraçar o Islam, sendo que o profeta e seus companheiros eram extremamente poucos e fracos?
- Quem obrigou os egípcios a abraçar o Islam? É razoável que oito mil soldados possam forçar um povo predominante, como o do Egito, cujo número na época da conquista ultrapassou oito milhões de pessoas?! Deve saber também que o Egito estava dominado pela ocupação bizantina e o Império Bizantino na época era extremamente poderoso.
- Quem forçou o povo da Pérsia, que eram em grande número e tinha uma longa história, a abandonar a adoração de décadas e abraçar o Islã? 
- Quem forçou o povo do norte da África, Andaluzia, Afeganistão, Paquistão, Malásia, Indonésia, os turcos e outros?
- Mais ainda, quem forçou o mundo na atualidade a entrar no Islam, embora todo mundo testemunhe que os muçulmanos estão em uma situação muito mais fraca do que outros? E não é uma simples conversão, o Islam é a religião que mais cresce no mundo hoje!
A verdade incontestável é que o argumento convincente de Deus e a religião de Deus não têm nenhuma falha ou erro. Por isso, absolutamente todo mundo que lê sobre o Islam ou o conhece, sabe que ele é a verdade, abraçando-o ou não.
E outra realidade é que a contribuição dos muçulmanos no conceito de crença não se limitou apenas àqueles que se tornaram muçulmanos. Porém, beneficiou os não muçulmanos - como será explicado mais tarde - na clareza da visão de crença real entre os muçulmanos no assunto do monoteísmo.
Não é segredo que o principal impacto racional desta crença sobre o homem é que o mundo inteiro segue um único centro e um único sistema. O homem vê nas partes dispersas do mundo uma relação evidente e uma unidade de regra. Em seguida, após esta fé, o homem pode avançar com uma explicação completa sobre a vida e pode aperfeiçoar o seu pensamento e as suas ações neste universo com sabedoria e conhecimento[2].
E não há dúvida de que a crença em um deus poderoso livra o pensamento da confusão do politeísmo, que não está de acordo com a natureza humana saudável. Essa crença libera as forças da alma e do corpo que crêem em Deus, aquele que controla todas as ocorrências da vida e do universo, aquele que detém em Suas mãos, exaltado seja, os destinos das criaturas. Estas forças confiam em Allah trabalho e na atividade, baseando-se no fato de que há um Senhor do universo, que vê tudo que está acontecendo em toda parte e recompensa aqueles que fazem o bem com o que há de melhor e pune aqueles que fazem o mal, se não na vida, na vida após a morte. Ele não faz perder as boas ações e não perde o direito de ninguém[3].
Não há dúvida de que um dos impactos mais importantes dessa fé na sociedade torna-se claro quando queremos criar uma sociedade limpa, dominada pela justiça e regida pela virtude, uma sociedade onde não há crime e onde reina a tranqüilidade e cujos membros cooperam em tudo o que traz bem-estar e justiça. Quando queremos isso, devemos estabelecer a sociedade sobre a crença islâmica, que é o primeiro alicerce da sociedade. Nesta base, o profeta educou seus companheiros, então, ele criou a sociedade perfeita e se formou a nação islâmica, a quem o mundo se submeteu desde o oriente até o ocidente.
O professor Abu Al-Hasan Al-Nadwi disse: "O grande elo foi desmembrado, o elo da incredulidade e da idolatria, então todos os problemas se desmembraram. Assim, todos os problemas foram resolvidos. O mensageiro de Allah (a paz esteja com ele) os combateu o primeiro combate, então, ele não precisou de um novo combate para cada ordem ou proibição. O Islam venceu o paganismo pré-islâmico na primeira batalha, então, a vitória foi seu aliado em cada batalha. Deus proibiu o vinho quando os copos estavam transbordando em suas mãos, então, a ordem de Deus se levantou como uma barreira entre o vinho e entre os lábios anseio-os e os corações ardentes. E os jarros de barro de vinho foram quebrados, se derramando nas ruas de Madinah! Uma só palavra removeu um hábito enraizado entre o povo e herdado de pai para filho. [Quereis então se abster disso?] (Al-Maida: 91) Depois desse versículo, disseram: Nós nos abstemos, ó nosso Senhor. Nós nos abstemos, ó nosso Senhor. Em contrapartida, os EUA tentaram proibir a bebida alcoólica e utilizaram todos os meios da civilização moderna, tais como revistas, jornais, palestras, fotografias e cinema para explicar os seus efeitos nocivos e investiu mais de 60 milhões de dólares para esse fim. Também imprimiu cerca de dez bilhões de páginas, pagou cerca de 250 milhões de dólares para o cumprimento da lei, executou três centenas de pessoas, prendeu mais de meio milhão, e confiscou propriedades estimadas em cerca de 404 milhões de dólares. No entanto, o povo norte-americano só se tornou mais viciado no consumo de bebidas alcoólicas, o que forçou o governo a permiti-la em 1933. A razão é simples: a aplicação das ordens não se baseavam na crença "[4].
Portanto, a civilização islâmica satisfez o ser humano com uma fé pura, simples, agradável, inspiradora e que dá vida. Assim, o homem livrou-se de todo medo, passou a não ter medo de ninguém, além de Allah, e teve a plena convicção de que somente Allah, exaltado seja, é quem pode prejudicar e pode beneficiar, quem dá e quem detém, e que somente Ele é quem garante as necessidades da humanidade. Assim, o mundo inteiro mudou na visão do homem com este novo conhecimento e descoberta. O homem tornou-se protegido contra todo tipo de adoração e escravidão, contra toda necessidade e medo das criaturas, e contra tudo o que distrai a mente e confunde o pensamento. O homem sentiu uma unidade nesta diversidade e considerou-se a criatura mais honrada de Deus, o senhor deste planeta, e o sucessor de Deus nele, obedece ao seu Criador e Senhor e cumpri os Seus mandamentos. Desta forma, o homem realiza esta grande honra humana e esta grandeza humana eterna.
Esta é a civilização islâmica, que apresentou à humanidade esse dom raro - a crença do monoteísmo - que era desconhecida, estava obscura e injustiçada mais do que qualquer crença no mundo. A fé do monoteísmo que ecoou por todo o mundo e deixou o seu impacto em todas as filosofias e ideologias universais, quer nos níveis pequenos ou grandes. Assim, algumas das grandes religiões que se basearam e estavam intimamamente ligadas à idolatria e ao politeísmo, precisaram confessar, mesmo em voz baixa e sussurro, que Deus é Único e não tem sócios. Estas religiões foram forçadas a interpretar as suas crenças politeístas de uma forma filosófica que as inocenta da acusação da idolatria e da inovação e a torna semelhante à fé do monoteísmo no Islam. Os líderes e depositários dessas religiões começaram a ficar com vergonha de admitir e mencionar a idolatria e todos estes regimes politeístas foram atingidos por um complexo de inferioridade e humilhação. Assim, esse dom do monoteísmo foi o dom mais precioso que fez a humanidade feliz, graças à contribuição da civilização islâmica e graças ao envio do profeta (a paz esteja com ele)[5].

[1] Abu al-Hasan al-Nadwi: Al-Islam wa atharahu fi al-hadarah wa fadluhu ala Al-insaniyah (O Islam e seu impacto sobre a civilização e suas contribuições para a humanidade) p 21.
[2] Abu al-Hasan al-Nadwi: Al-Islam wa atharahu fi al-hadarah wa fadluhu ala Al-insaniyah (O Islam e seu impacto sobre a civilização e suas contribuições para a humanidade) p 22.
[3] Jamal Fawzi: Maalim Al-hadarah al-Islamiyah (características da civilização islâmica) p 16.
 [4] Abu al-Hasan al-Nadwi: Maza khassira Al-Alam bi inhitat Al-Muslimin (O que o mundo perdeu com a degradação dos muçulmanos) p 90, p 68.
[5] Veja: Abu al-Hasan al-Nadwi: Al-Islam wa atharahu fi al-hadarah wa fadluhu ala Al-insaniyah (O Islam e seu impacto sobre a civilização e suas contribuições para a humanidade) p 21-24.

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