quinta-feira, 28 de abril de 2016

Combater Equívocos: Mulheres no Islam

Hoje, os males mais proeminentes da sociedade são frequentemente atribuídos ao Islam. A concepção própria do Islam é assim, indeferida. Dadas as desgraças diárias que testemunhamos, o desejo de ter um “bode expiatório” para ser responsabilizado por tudo é compreensível. No entanto, não atenua o absurdo desta prática. 
A discriminação de gênero é uma das acusações mais avassaladoras e mal fundamentadas utilizadas para desacreditar o Islam. Contudo, a discriminação de gênero no Islam realmente não existe - eu sei. Afirmação ousada. Para provar isso, abaixo estão cinco mitos populares (recolhidos do Facebook, meu pesquisador informal) que perpetuam esse estereótipo grosseiro. Serão abordados, um por um, com referência à análise baseada em evidências.
O objetivo deste artigo não é para cumprir qualquer ideologia particular. Pelo contrário, é para corrigir uma série de equívocos arraigados utilizando fatos objetivos. 
Mito 1: "O Islam pratica MGF (Mutilação Genital Feminina)." 
Não há evidências que confirmam isto; nem dentro do Islam, nem fora dele. 
De acordo com a UNICEF, Etiópia e Nigéria somam 43,7 milhões dos 125 milhões de casos de MGF nos 29 países estudados. Ou seja, em dois dos mais antigos países cristãos estão 35% das vítimas de MGF.
A MGF está, evidentemente, enraizada na cultura centro-africana. É uma prática regional, e não religiosa.
Mito 2: "As mulheres muçulmanas não estão autorizadas a receber educação. Muçulmanos são contra a ciência."
O Islam encoraja, especificamente, a educação e a busca do conhecimento, seja na pesquisa ou estudo.
"... E dize: Oh meu Senhor aumenta-me em conhecimento!" [Alcorão Sagrado, 20:114]
"A busca do conhecimento é obrigatório para todos os muçulmanos." [Al-Tirmidhi, Hadith 74]
A palavra "muçulmanos" inclui homens e mulheres.
Na verdade, esta noção de educação é tão forte no Islam que os muçulmanos são ensinados a questionar inclusive o próprio Alcorão:
"... Eis um Livro Bendito, (...) para que os sensatos recordem seus versículos e sobre eles reflitam." [Alcorão Sagrado, 38:29]
Isto não fica só na teoria. Fatima al-Fihri, uma mulher muçulmana no século IX, foi responsável pela criação da primeira universidade do mundo (existente até hoje, a Universidade de al-Qarawiyyin em Fes, no Marrocos).
Mito 3: "A mulher não tem direito a qualquer propriedade, segurança financeira, ou trabalho; se ela pede divórcio, deve devolver seu dote e não tem direitos."
Legalmente falando, a primeira ideia de mulheres possuírem propriedade na Europa foi pela lei aprovada na década de 1860, conhecida como "Married Women Property Act’s" (Lei de Propriedades das Mulheres Casadas). As mulheres francesas tiveram que esperar até 1938 para poder participar de um contrato. 1300 anos antes disso, o Islam estabeleceu o direito da mulher à propriedade, ao trabalho e outros direitos materiais em prol da independência.
O Islam respeita o direito da mulher à segurança financeira. As mulheres têm direito a um dote ilimitado, pessoal, no casamento ("presente"), irrevogável em divórcio ou controvérsia. Isso está em contraste com muitas culturas asiáticas (outa vez cultura regional e não religiosa), onde os homens recebem o dote.
A mulher no Islam também tem o direito de manter o sobrenome dela, e é propriedade dela o que possuía antes do casamento, e qualquer renda auferida durante o casamento. Sua propriedade é reconhecida como só dela, em vez de "para a família" ou "para o homem".
Se uma mulher divorciada tem filhos, ela tem direito a pensão alimentícia. O Islam está ciente da amargura que pode acompanhar o divórcio, e antecipa:
"Quando vos divorciardes das mulheres, ao cumprir o período pré-fixado, (...) se quiserdes, tomai-as de volta por bondade, não as tomeis com intuito prejudicá-las de terdes vantagens, quem tal fizer, condenar-se-á..." [Alcorão Sagrado, 2:231]
Portanto, em vez de uma religião que oprime as mulheres em questões materiais, o Islam visa salvaguardar e capacitá-las.
Mito 4: "As mulheres são ignoradas - elas não têm voz nem importância no Islam, caso se atrevam a opinar, são criminalizadas".
Mais da metade do Islam vem de uma mulher: 'Aisha (??? ???? ????) narrou mais de dois mil Hadith (importante fonte de orientação para os muçulmanos) e é conhecida por ter ensinado a eminentes estudiosos.
Nenhuma outra grande religião ordenou uma mulher como autoridade para citar virtudes religiosas. Muito menos, como uma figura que exercesse influência sobre homens e mulheres, no que diz respeito à política, sociedade e sendo fonte de inspiração.
A primeira esposa do Profeta ?, Khadijah (duas vezes viúva antes de se casar com ele), era uma mulher de negócios, uma das mais ricas da Arábia. Khadijah (??? ???? ????) foi a primeira mulher a aceitar o Islam.
Desconsiderar a mulher no Islam é desconsiderar a significante importância dada a elas no Islam. Até mesmo 1400 anos atrás, havia mulheres que se destacavam acima dos seus pares masculinos. Dizer que as mulheres não devem "se atrever a opinar", quando 1,5 bilhão de muçulmanos em todo o mundo seguem o que foi narrado por uma mulher na orientação de sua fé, não tem lógica, não faz sentido.
Mito 5: "Mostrar desrespeito à mulher está correto – o status do homem é maior que o dela."
O Alcorão, explicitamente, contesta isso inúmeras vezes.
"O Senhor respondeu-lhes: Jamais desmerecerei a obra de qualquer um de vós, seja homem ou mulher - porque são iguais entre si." [Alcorão Sagrado, 3: 195]
"Aqueles que praticarem o bem, seja homem ou mulher, e forem crentes, entrarão no Paraíso; sem a menor injustiça." [Alcorão Sagrado, 4: 124]
"Oh humanos, em verdade vos criamos macho e fêmea, e vos dividimos em povos e tribos, para reconhecerdes uns aos outros (...)." [Alcorão Sagrado, 49:13]
Se naquela época a igualdade de direitos entre as tribos era impensável, imagine entre homens e mulheres, o Alcorão constantemente reforça essa noção de igualdade entre os sexos.
A atitude global para com as mulheres naquele momento foi desastrosa. O Ocidente realizava conselhos para decidir se as mulheres tinham "almas" e as considerava como objetos a serem comprados e vendidos. A mesma situação praticamente abrangeu a Arábia Saudita.
Considerando isso, uma religião que declara "O paraíso se encontra debaixo dos pés da mãe" era radical em sua justiça. Sem contar que "As filhas são uma bênção: elas são prestativas, boas companheiras, abençoadas, e puras", ou para ensinar que os homens devem "habitar com suas esposas, em bondade mesmo se odiá-las, pois poderiam estar odiando um ser em quem Deus colocou tanta coisa boa", é no mínimo progressivo, e é revolucionário em justiça.
Longe de o status do homem ser maior que o da mulher, o Islam vai além, quando confere às mulheres a proteção natural exigida do homem a elas.
O Islam reconhece a fisiologia diferente de ambos os sexos e coloca a obrigação sobre os homens em gastar seus bens em favor da mulher (o Alcorão faz referência de que a mulher está "um grau acima deles", dos homens). As mulheres também têm benefícios em relação à oração, jejum e outras obrigações religiosas, dependendo da sua necessidade.
O Islam não só perpetua uma igualdade inequívoca, mas também reconhece as diferenças científicas inerentes entre homens e mulheres e aborda essas diferenças com justiça, bondade e responsabilidade. Sim, o Islam é uma religião que realmente leva a ciência em conta quando se lida com pessoas.
Conclusão
Esta é uma religião que desencadeou tolerância e igualdade em um momento em que as meninas estavam sendo enterradas vivas simplesmente por serem mulheres. No Islam se questionou:
"... Quando sua filha é sepultada viva, lhe será interrogado por qual crime ela foi morta". [Alcorão Sagrado, 81:8-9]
Numa época em que a escravidão era uma realidade aceita, o Islam declarou a libertação de um escravo entre as melhores ações que um ser humano poderia fazer.
Vale ressaltar que esta religião concedeu à mulher de o direito de participar do governo, da propriedade, da educação, do apoio à criança, do bem-estar, do resultado financeiro, do desenvolvimento profissional, da capacidade para a individualidade, e dos direitos humanos há 1.400 anos, contestando àqueles que querem rotulá-las como alvo de discriminação de gênero.
Os críticos rotulam o Islam como "uma religião da Idade Média" – mas os simples exemplos desta fé "medieval" acima mencionados, mostram uma ideologia atemporal em sua justiça, seja da Idade Média ou do Renascimento.
Por exemplo, os progressos dos direitos das mulheres na Grã-Bretanha tiveram que esperar até as Sufragistas; ainda hoje existe uma disparidade nos direitos. Desigualdade salarial, por exemplo, ainda é um problema na Europa e os EUA. O Islam, por outro lado, instituiu a igualdade dos sexos desde a criação - em circunstâncias piores.
"O que quer que os homens ganhem, suas mulheres têm uma quota, e tudo o que as mulheres ganham, eles têm uma participação." [Alcorão Sagrado, 4:32]
O quer que tenha sido auto proclamado e implementado corretamente pela "Sharia" é um debate totalmente diferente, no entanto, referência a fontes primárias devem verificar o real valor concedido às mulheres no Islam.
O Islam erradicou qualquer desigualdade "aceitável" há mais de mil anos atrás. Quando as religiões mundiais disputavam difamando as mulheres com "pecado original", o Islam entrou em cena e disse que tanto o homem quanto a mulher foram responsáveis, ambos foram perdoados, e ambos são iguais.

Nota sobre o autor: Rabah Kherbane – estudante de direito, especializando em leis internacionais, direitos humanos e análises legais sobre temas atuais.
Fonte: Pursuing Positivism

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