quinta-feira, 7 de abril de 2016

A mecânica e o Islam (Primeira Parte)

Os cientistas muçulmanos inspiraram-se em normas esparsas de mecânica definidas pelos antigos gregos, romanos, persas e chineses. Em seguida, desenvolveram a mecânica, idealizaram novas técnicas e adicioram de sua excelência, transformando-a em uma ciência aplicada singular de extrema importância. depois de ter sido destinado. Antes disso, esta era uma ciência usada para entretenimento e magia, então os cientistas muçulmanos o a denominaram “Elm Al-Hiyal” (ciência dos artifícios), que significa os meios a que recorrem para enfrentar condições difíceis, a fim de atingir seus objetivos economizar o esforço humano, ampliar a energia mecânica e se beneficiar de um ligeiro esforço para alcançar um trabalho maior que o trabalho dos humanos e dos animais!

Quanto à finalidade e objetivo da mecânica, os cientistas muçulmanos queriam trazer mais benefícios para o ser humano através da utilização do artifício em vez da força, da mente em vez de músculos, e da máquina no lugar do corpo, dispensando a submissão dos escravos e seu esforço físico, especialmente porque o Islam proíbe o sistema de servilismo no cumprimento de trabalhos que precisam de elevado esforço físico, assim como proibiu a fadiga dos servos e escravos, e até mesmo o sofrimento dos animais e fazê-los acima de sua capacidade. Portanto, os muçulmanos tenderam a desenvolver as máquinas para substituí-los nesses trabalhos penoso. Esta é uma tendência civilizada, com a qual se caracterizam as nações que tiveram grande progresso nos campos da ciência e da civilização. É também o núcleo ao redor do qual gira a filosofia de qualquer invenção produzida pelas mentes dos sábios diariamente, a fim de melhorar a vida do ser humano e aliviar ao máximo a dificuldade dele, proporcionado conforto e bem-estar à humanidade.
Mecânicos A “ciência dos artifícios benéficos” representa o avançado aspecto técnico da civilização islâmica, onde engenheiros e técnicos muçulmanos aplicaram seus conhecimentos teóricos para utilizá-los em todos os campos que servem a religião e promovem as aparências de civilização e desenvolvimento.
A finalidade dos antigos no uso da “ciência dos artifícios” era servir os propósitos religiosos e espirituais para influenciar os seus seguidores, como o uso de estátuas móveis ou falantes por intermédio dos sacerdotes, usando órgãos e instrumentos de ressonância nos templos. Com o advento do Islam, a relação entre o homem e Allah já não precisa de qualquer intermediário ou exercício de ilusão óptica. Portanto, o novo objetivo da mecânica tornou-se: servir a humanidade através do uso de máquinas móveis (mecânicas), que são equipamentos e invenções baseadas em aerodinâmica, hidrodinâmica e hidrostática, tais como válvulas, sistemas de controle remoto, instrumentos e equipamentos científicos, pontes, arcos e ornamentos arquitetônicos, etc[1].
Se retornarmos aos estágios iniciais da mecânica, a engenharia mecânica foi desenvolvida no mundo islâmico no início do século terceiro hijri (século IX dC), nas mãos de uma série de grandes cientistas muçulmanos. Podemos conhecer as etapas de desenvolvimento desta ciência através das valiosas realizações feitas por estes proeminentes cientistas, que foram os pioneiros da técnica islâmica nas áreas de engenharia mecânica, como segue:
1 - Banu (filhos de) Musa ibn Shakir:
Eram três irmãos: Muhammad, o mais velho, (falecido em 259 dH/873 dC), Ahmad, Al-Hassan (falecido em 874 dH/261 dC). Banu Musa ibn Shakir viveram no século terceiro hijri (século IX dC) e brilharam na matemática, astronomia, ciências aplicadas e tecnológicas. Eles eram conhecidos por sua obra “Kitab al-Hiyal” (Livro dos artifícios). Ibn Khallikan comentou sobre este livro dizendo: "Banu Musa ibn Shakir escreveram um livro incrível e raro sobre dispositivos, que incluiu muitas de suas invenções pioneiras. Depois de analisá-lo achei um dos melhores e mais interessantes livros"[2].
Este livro contém cem dispositivos mecânicos com explicações completas e diagramas para instalação, operação e desmontagem. Banu Musa ibn Shakir fizeram conquistas muito importantes em ciência e tecnologia, tais como válvulas automáticas, sistemas de ação retardada e muitos outros princípios de controle automáticom, que são das mais importantes realizações na história da ciência e tecnologia. Eles também usaram válvulas cônicas e virabrequins automáticos de uma forma sem precedentes. Eles usaram o virabrequim 500 anos antes da primeira descrição moderna do mecanismo do virabrequim na Europa[3].
Há muitos exemplos de composições mecânicas de Banu Musa: a lâmpada de furacão, que não se apaga quando exposto ao vento forte; a luz de auto-alimentação, que muda automaticamente de pavio e óleo, quem o assiste pode pensar que o fogo não consome nada do pavio nem do óleo, e uma fonte de onde a água jorra em forma de um escudo por tempo determinado, e sob a forma de um lírio por tempo determinado e assim por diante. Os historiadores descreveram com admiração um dos dispositivos mecânicos de Banu Musa. Um instrumento de observação astronômica enorme que funciona por força hidráulica. Esse instrumento mostra todas as estrelas e os reflete em um grande espelho. Se alguma estrela aparece, o instrumento observa e se uma estrela ou um meteoro desaparece, ele também o observa e o registra imediatamente[4].
Banu Musa ibn Shakir também inventaram máquinas para fins agrícolas, tais como gerentes de animais de tamanhos diferentes, em que o animal pode comer e beber sem ser incomodado por outros animais, os tanques de água para casas de banho, instrumentos para medir a densidade de líquidos, máquinas instaladas em campos para controlar o consumo de água, evitar o desperdício e melhorar o controle do processo de irrigação. Todas essas idéias criativas desempenharam um papel importante na aceleração do progresso da mecânica. As invenções de Banu Musa se destacavam pelo pensamento criativo, pela descrição precisa e metodologia experimental[5].
 
[1] Ver: Ahmad Fouad Basha; Al-Turath Al-Islami Al-Elmi (O Património Científico islâmico) p 29, 30.
[2] Ibn Khallikan Wafayat al-Ayan (os obituários dos Homens Notáveis), 5 / 161.
[3] Ver: Ahmad Fouad Basha; Al-Turath Al-Islami Al-Elmi (O Património Científico islâmico) P 30.
[4] Ver: Sigrid Hunke: Shamsul Al-Arab Tasta Ala Al-Gharb P 122.

[5] Ver: Ahmad Fouad Basha; Al-Turath Al-Islami Al-Elmi (O Património Científico islâmica), p 30, 31.

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