quinta-feira, 7 de abril de 2016

A Filosofia na História do Islã (Segunda Parte)

A Filosofia Pura é a filosofia daqueles que admiravam a filosofia grega e se dedicaram no seu estudo, explicação e análise e também escreveram de acordo com sua linha, como Al-Kindi, Al Farabi, Ibn Sina, Ibn Rushd, Ibn Bajah[1] e Ibn Tufayil[2]. Este grupo de filósofos muçulmanos foram uma luz com a qual o mundo e a civilizacão ocidental se iluminaram. A seguir, um resumo da vida de alguns desses filósofos muçulmanos:
1) Al-Kindi:
Ele é Abu Yusuf Ya'qub ibn Is-haaq Al-Kindi, Al Kufi (185-256 dH/805-873 dC). Muitos estudiosos consideram Al-Kindi o fundador da filosofia árabe islâmica. Al-Kindi mereceu o título de “o filósofo dos árabes”, pois deixou mais de duas centenas de livros sobre várias ciências. Dentre esses livros, um dos mais importantes sobre filosofia foi o seu valioso livro: (Al-Falsafah al-Ula fima duna al-tabi'yat wa al-Tawhid) (A Filosofia Primeira abaixo da natureza e o monoteísmo).
Al-Kindi lançou as bases para explicar o problema do livre-arbítrio de uma forma filosófica. Al-Kindi percebeu que a verdadeira ação não foi o resultado de uma intenção e vontade e que a vontade do homem é uma força psicológica movida pelos pensamentos. Al-Kindi acredita na “causalidade” (as ações têm uma causa). Al-Kindi sublinhou também a idéia da Providência Divina sob a qual o universo está sujeito a regras fixas[3].
Al-Kindi também estudou matemática e astronomia, escreveu livros sobre medicina e medicamentos e também deixou sua marca na geografia, química, mecânica e música. Alguns orientalistas o consideraram uma das doze figuras que representavam o auge do pensamento humano[4].
2) Al-Farabi:
Ele é Abu Nasr Muhammad Ibn Tarhan Al-Farabi (259-339 dH/872-950 dD). É considerado um dos maiores filósofos muçulmanos. Al-Farabi é conhecido como o segundo mestre, por ter estudado e explicado os livros de Aristóteles, o primeiro mestre. Nas mãos de Al-Farabu a filosofia aristotélica atingiu ponto mais alto do desenvolvimento. Al-Farabi era conhecido entre os europeus como (Alpharabius), porque graças à sua explicação, idéias e estilo ele conseguiu aproximar a filosofia grega ao pensamento islâmico, o que não aconteceu antes nas mãos de Al-Kindi[5].
Um dos livros mais famosos e importantes de Al-Farabi é: (Ara Ahl al-Madina Al-Fadilah) (As opiniões dos moradores da cidade ideal), no qual ele explicou o sistema ideal da sociedade humana e tentou explicar os diversos aspectos do Islam e as múltiplas faces da cultura árabe e islâmica, à luz de sua própria filosofia. Al-Farabi pesquisou na ciência da teologia, da crença, fiqh (jurisprudência islâmica) e legislação. Seus livros foram traduzidos para o latim nos tempos medievais e foram publicados em Paris em (1638 dC) e tiveram um grande impacto filosófico na Europa[6].
3) Ibn Sina:
Ele é Abu Ali al-Husayn Ibn Abdallah Ibn Sina (370-428 dH/980-1037 dC). Ele era conhecido como Al-Sheikh Al-ra'is (o sheikh líder, ou o líder entre os homens sábios) e era conhecido como o terceiro mestre, depois de Aristóteles e Al-Farabi. Sua fama como médico não foi menor que sua fama como filósofo. Sarton considerou-o como um dos maiores estudiosos do Islam e um dos mais famosos estudiosos internacionais. Ibn Sina é autor de muitos livros em filosofia que atestam a sua destreza na elaboração e desenvolvimento da filosofia. Alguns deles foram traduzidos para línguas européias, dentre os mais importantes: Al-Shifaa (A Cura), no qual ele reuniu as ciências da filosofia; Al-Najah (O Sucesso), que foi a súmula de Al-Shifaa; Al-Isharat wa'l-tanbih (As Observações e a Advertência); nove mensagens de sabedoria e outros.[7]
4) Ibn Rushd:
Ele é Abu al-Walid Muhammad Ibn Ahmad Ibn Rushd Al-Qurtubi Al-Andalusi (falecido em 595 dH/1198 dC). Ibn Rushd é considerado um dos maiores filósofos muçulmanos na Andaluzia e um dos maiores explicadores da filosofia de Aristóteles o ponto de ser conhecido como “Al-Sharih” (O explicador). Ibn Rushd foi quem diferenciou entre os ensinamentos de Aristóteles e Platão. Ibn Rushd foi também distinguido com o exame cuidadoso das matérias, a ponto de não aceitar muitas das opiniões de Aristóteles, que não concordam com a religião.
O Ocidente copiou a filosofia de Ibn Rushd em sua totalidade. A filosofia de Ibn Rushd abriu a porta da investigação e discussão para o pensamento filosófico europeu. A escola de “Al-Rushdiyah” surgiu entre os europeus na adoção da racionalidade na pesquisa. Dentre os seus livros importantes: Fasl al-maqal fima bayn Al-hikma wa al-shariyah min al-itisal (conhecido em Inglês como: a harmonia entre a Religião e a Filosofia); Manahij al-adillah fi Á'qaid al-millah (Os métodos da provas nos ensinamentos da Religião)[8].
Em geral, a filosofia islâmica é considerada uma continuação do pensamento humano, ainda mais, representa um progresso para ele em alguns aspectos porque a filosofia islâmica assimilou das filosofias antigas e, em seguida, contribuiu para o seu aperfeiçoamento e acrescentou inovações a elas e abriu o caminho para as outras filosofias que vieram depois, empurrou a filosofia cristã fortemente para a frente, disparou o renascimento europeu e alimentou seus homens nos tempos modernos.
A influência da filosofia islâmica pode ser apontada de maneira objetiva no fato de ter levantado muitas questões e problemas na Europa, que ganharam a atenção de universidades e institutos e foram os temas de pesquisas, estudos e livros e ocupou diferentes ambientes culturais. Dentre estas questões: a alma e sua realidade, a teoria do conhecimento, o problema da antiguidade do mundo, a teoria da emanação, os atributos do Criador, o problema da Providência Divina, o bem e o mal, o problema da existência e da identidade ou o possível e o obrigatório, etc[9].
[1] Ibn Bajah Al-Andalusi: Ele é Abu Bakr Muhammad Ibn Yahiya Ibn Bajah (falecido em 533 dH/1139 dC), filósofo apaixonado pelos naturalismos, astronomia, medicina e poesia. Um de seus livros: "Itisal al-a'qal" (ligação da mente). Veja: Ibn Khalkan: wafiyat Al-Ayan, 4 / 429.
[2] Ibn Tufayil: Abu Bakr Muhammad Ibn Abd-al-Malik Ibn Muhammad Ibn Muhammad Ibn Tufayil Al-Qaysi Al-Andalusi, (494-581 dH / 1100-1185 dC), médico, filósofo e poeta, trabalhou em na esplanada do califa Al-Muwahidi Abu Yusuf Ya'qub, autor da história de Hay Ibn Yaqzan. Veja: Al-Zirikli: Al-A'lam 6 / 249.
[3] Ibrahim Madkur: Fi al-Falsafah al-Islamiyah (sobre a filosofia islâmica) 2 / 144.
[4] Veja: Qadri Hafiz Tawqan: Turath al-Arab Al-Ilmi (A herança científica dos árabes) p 27, e Fawqiyah Mahmud: Maqalat fi asalat al-Mufakir al-muslim (Artigos sobre a originalidade do pensador muçulmano) p 49.
[5] Abd-al-Munim Majid: Tarikh al-hadarah al-Islamiyah fi al-usur al-wusta (A História da civilização islâmica na época medieval), p 224.
[6] Rahim Kazim Muhammad Al-Hashmi e Awatif Muhammad Al-Arabi: Al-Hadarah al-Arabiyah al-Islamiyah (A civilização árabe islâmica), p 188.
[7] Veja: Abd-al-Munim Majid: Tarikh al-hadarah al-Islamiyah fi al-usur al-wustah (A História da civilização islâmica na época medieval), p 225.

[8] Idem, p. 227. Rahim Kazim Muhammad Al-Hashmi e Awatif Muhammad Al-Arabi: Al-hadarah al-Arabiyah al-Islamiyah (A civilização árabe islâmica), p 188.
[9] Veja: Abd-al-Maqsud Abd-al-Ghani: Fi al-Falsafah al-Islamiyah (sobre a filosofia islâmica) p 88.

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